quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dois Dedos de Prosa

Alô todo mundo, como vão?
Apesar de uma escassez de postagens aqui na casa do Salomão Ventura, o projeto continua vivo e bem. A segunda edição está com 14 páginas prontinhas, e faltando 8 para a conclusão. Paralelamente, estou trabalhando em um conto de seis páginas com ele para um projeto que ainda não posso revelar, mas que tenho certeza que será O lançamento da HQ independente brasileira desse ano... Tem muita gente boa envolvida, e todo mundo querendo mostrar o seu melhor.

O motivo do Dois Dedos de Prosa de hoje é sobre um filme que assisti ontem à noite, e que mal ou bem acaba resvalando no nosso assunto principal, ou seja, HQs. O filme se chama "Defendor", e tem Woody Harrelson no papel-título.
O filme conta a história de Arthur Poppington, um sujeito de bom-coração e meio lento das idéias, que resolve adotar a identidade de Defendor, um super-herói urbano, que luta contra criminosos de rua, enquanto busca seu arqui-inimigo, o Capitão Indústria. Tudo muito clichê, a não ser que o tal Defendor é uma piada triste na melhor das hipóteses, e o tal Capitão Indústria, uma fantasia gerada nos traumas da terrível infância do herói (sem assassinatos de pais ou becos do crime). Devido a seus problemas mentais, Arthur não mede os riscos, e enfrenta bandidos armados usando nada mais do que uma malha preta com um grande "D" feito de fita adesiva no peito, bolinhas de gude, vidros com vespas e um porrete.
O filme é um drama, com pitadas de comédia, e que me tocou não só pela atuação sincera de Harrelson (o cara é muito engraçado e tocante ao interpretar o mentalmente pertubado Defendor), mas também pela temática. "Super-Heróis no mundo real" é um tema que já foi abordado tanto nas HQs quanto nos cinemas antes, mas em minha opinião é a primeira vez que vemos como seria a coisa de verdade. Encarando os fatos: somente alguém desajustado mentalmente para colocar uma fantasia de nylon, uma máscara e sair por aí encarando caras maus e armas de verdade. A única exceção à regra, creio eu, seria o Justiceiro, mas sói na versão "MAX" escrito pelo Garth Ennis. Ele é verossímel pois usa as mesmas táticas de seus adversários: muita bala e pouca pena. Agora, cá entre nós: se você tivesse a grana que Bruce Wayne tem, iria se vestir como um morcego e sair combatendo o crime, ou já teria superado o trauma com muita terapia e iria viver a vida?

Já o Defendor, inocente e puro como o Superman dos anos 50, cita discursos gastos das HQs de heróis, e distribui tapas e socos enquanto leva tiro de verdade. Sem querer entregar o final, uma película que vale à pena para os fãs (e não fãs) de HQs. E que faz pensar - talvez as HQs desse estilo devam deixar de lado essa busca realidade, e aterem-se somente à fantasia escapista as quais as tornaram famosas. Afinal, a gente já sabe que nenhum deles vai morrer (pelo menos para sempre) mesmo. Deixe a realidade triste, nua e crua para os pobres-coitados como o patético e simpático Defendor.

(o filme está em cartaz também no canal Max HD da Sky)

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